M&A e a virada de mesa no mercado cervejeiro

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Apesar do cenário adverso, dos mercados nacional e internacional, 2015 está se tornando uma janela de grandes oportunidades para o mercado de fusões e aquisições de forma global. Um estudo apresentado por uma consultoria britânica revela que aumentou o apetite do empresariado para transações de M&A (Mergers & Acquisitions) nos últimos anos e concluiu que, embora este ano apresente desafios financeiros mundiais, o crescimento econômico remanescente fortaleceu mercados desenvolvidos, alinhando objetivos e expectativas de vendedores e compradores para os próximos anos.

No artigo “A era das fusões e o mercado cervejeiro”, foi apresentado o ímpeto e a grande movimentação das M&A no mercado cervejeiro mundial na última década, principalmente a movimentação econômica gerada pela Ambev – Companhia de Bebidas das Américas (American Beverage Company), desde o nascimento do grupo econômico, passando pelo surgimento da AB InBev, e com os movimentos atuais de M&A com cervejarias artesanais, denominadas “as startups da AB InBev”.

Em detrimento ao domínio dos mercados nacional e internacional pelo grupo AB InBev, o artigo trouxe a possibilidade da construção de uma forte concorrência, por meio da fusão da SABMiller (segundo maior grupo de cerveja do mundo e detentor de marcas de cerveja popular, como a Miller, e também de cervejas artesanais) com o Grupo Petrópolis, que representaria um novo desafio para a poderosa Ambev.

Todavia, o apetite do grupo AB InBev se mostra voraz e com objetivo explícito de domínio total do mercado cervejeiro mundial.

Na semana passada, a SABMiller revelou que foi procurada pela Anheuser-Busch InBev (AB InBev) para uma eventual proposta de compra, num potencial acordo que daria origem a um gigante de US$ 245 bilhões com domínio de boa parte do mercado mundial, criando uma empresa que controla cerca de metade do lucro da indústria cervejeira.

A aquisição da empresa Anglo-Sul Africana SABMiller pela Belga-Brasileira AB InBev seria a maior transação da história do segmento e coroaria mais de uma década de consolidação do setor cervejeiro.

Mencionado no último artigo, a indústria de cerveja recorreu a fusões e aquisições para evitar uma desaceleração em mercados mais estabelecidos, como a Europa e os EUA, onde os consumidores estão trocando as cervejas industrializadas por marcas artesanais. As dificuldades econômicas de Brasil e China, dois dos maiores motores do setor cervejeiro nos últimos anos, também podem ter levado a AB InBev a acelerar seus planos de compra da SABMiller.

A compra da empresa britânica pela belgo-brasileira depende da aprovação do Altria Group, que é o maior acionista da SABMiller, com uma fatia de 27%. A AB InBev também terá de convencer a família de Alejandro Santo Domingo, um dos clãs mais ricos da Colômbia e que detém 14% da SABMiller.

Para que o negócio seja avalizado pelos órgãos de regulação da concorrência, analistas dizem que a SABMiller teria que deixar a joint venture que mantém com a americana Molson Coors Brewing, chamada MillerCoors. Além disso, a AB InBev teria de vender a fatia de 49% que a SABMiller tem na CR Snow, sua parceira na China. A britânica também detém 20% na empresa de bebidas francesa Groupe Castel.

A aquisição da SABMiller, chefiada por Alan Clark, daria à AB InBev acesso a mais de US$ 7 bilhões em receitas na África, com marcas como a Castle, e a US$ 4 bilhões de vendas na Ásia, reduzindo a dependência da AB InBev em relação às Américas e ao Brasil. E como a América Latina representa o maior mercado da SABMiller, o negócio aumentaria a presença da AB InBev em países como Colômbia, Equador e Peru.

Enfim, o negócio entre as duas maiores cervejarias do mundo é visto como o fim da era de fusões globais no setor.

Fonte: O Globo – Negócios e Finanças

Yuri Areco
Divisão de Gestão e Finanças
BLB Brasil Auditores e Consultores

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