Muito vem se falando nos últimos anos sobre as mais variadas mudanças que enfrentaremos em um curto espaço de tempo – como referência, 2050. Nesse período, não é excepcional que acreditemos que tais mudanças dar-se-ão nos mais variados segmentos, visto que já estamos sentindo essa transformação na maneira com que nos comunicamos, relacionamos, compramos, locomovemos, aprendemos e, até mesmo, trabalhamos.
Entretanto, mesmo com transformações acontecendo em todas essas áreas, gostaríamos de focar, a princípio, nas mudanças que, com certeza, grande parte das modalidades de trabalho sofrerão.
O futuro do trabalho
O medo que temos pelo que pode vir a acontecer com o futuro de nossas ocupações não é um luxo que desenvolvemos só neste milênio, mas sim na Primeira Revolução Industrial (1760 – 1840), quando pairava o temor de que as novas máquinas a vapor viriam a substituir a todos; coisa que não aconteceu. Com o advento dessa nova tecnologia, outros empregos foram criados e o bem-estar e os índices de desenvolvimento humanos subiram consideravelmente.
Em seu último livro “21 lições para para o século 21” (2018), o autor Yuval Harari ressalta que agora, assim como foi na Primeira Revolução Industrial, temos dois caminhos: (i) criar novos empregos ou (ii) substituir bilhões de pessoas pelas novas tecnologias nascentes e, com isso, gerar um caos global.
À vista disso, Harari entende que agora, na Quarta Revolução Industrial, a abordagem seja distinta devido ao advento da Inteligência Artificial (IA) e sua habilidade de competir com os humanos também na esfera cognitiva e não apenas na esfera física, como se deu na Primeira Revolução Industrial. Além do mais, o McKinsey Global Institute constatou que a tecnologia atual já permite que, em média, metade das tarefas que realizamos diariamente em nossos trabalhos pode ser executada por uma IA.
Entretanto, devemos começar a olhar pelo ângulo da perda de individualidade que cada um de nós coloca em seus respectivos afazeres e de o que pode causar à nossa espécie a falta de necessidade de trabalhar. Dessa forma, também como foi dito por Harari, devemos sempre nos lembrar que, por mais que as tecnologias possam nos trazer ganhos significativos de escala, elas não são deterministas; ou seja, a existência de uma nova tecnologia não implica necessariamente em seu uso.
Visto que a Inteligência Artificial já uma realidade em vários segmentos, inclusive na auditoria, e até o momento sua tendência de crescimento é exponencial, não devemos apenas nos dar por vencidos e entender que nesta Revolução Industrial tudo será diferente e que no futuro perderemos todos nosso empregos, mas sim nos prepararmos cada vez mais para que possamos trabalhar paralelamente à IA. Ou seja, num futuro não muito distante, quando a execução das tarefas triviais for gradualmente “informatizada”, o melhor que temos a fazer é continuar com nossa profissionalização, nossos estudos e pesquisas para que não haja entre humanos e IA uma competição, mas sim uma cooperação.
A importância da educação corporativa
Seguindo o caminho da profissionalização constante, é interessante trazer ao debate o conceito de Lifelong Learning; apresentado por Guga Stocco em seu podcast “2025, o mundo novo“. Esse conceito, trabalhado no Grupo BLB Brasil como educação continuada e corporativa, evidencia a ideia de que hoje somente uma graduação não basta para a formação profissional de um indivíduo, uma vez que não só os conceitos mas também os desafios são fluídos e vivem em intensa transformação e atualização, levando-nos a uma necessidade de reciclagem e aprendizagem constante.
Contudo, não é interessante que saiamos nos matriculando em qualquer curso, pois pode ser que, nem assim, as empresas venham a ter interesse pelo nosso currículo, uma vez que está se tornando cada vez mais comum que as empresas ditem o que seus colaboradores devem saber. Dessa forma, assim como disse Guga Stocco, a empresa de sucesso é aquela que sabe treinar seus funcionários para que sejam competitivos no futuro.
Isso posto, também no podcast “2025, um mundo novo”, é levantando um ponto interessantíssimo sobre um possível novo cargo no organograma das empresas nesse futuro não muito distante: Chief Learning Officer (CLO); responsável por administrar e orientar o aprendizado de todos os colaboradores da empresa de acordo com as demandas do mercado, coisa que já acontece desde 2016 aqui no Grupo BLB Brasil.
Mudanças na auditoria
Levando a discussão agora para o âmbito da auditoria, percebe-se que a linha de raciocínio não difere muito e, no final, tudo se resume em educação contínua e ao uso de novas tecnologias. Dito isso, ocorreram notícias no mercado de programas que estão sendo testados que utilizam Inteligência Artificial para realizar a leitura, o entendimento e testes de maneira automática de documentos preparados pelos clientes, auxiliando os auditores com agilidade e economia de tempo, possibilitando outras análises e diferentes visões do trabalho.
Assim, entendemos que o que foi colocado por Harari sobre o desenvolvimento da inteligência artificial é empiricamente demonstrado pelos exemplos citados e, dessa forma, devemos mais uma vez dar luz à ideia de que as tecnologias não são deterministas e, para nosso futuro, devemos sempre buscar a cooperação e o uso dessas novas possibilidades a nosso favor e não contra nós mesmos.
Além disso, o que deve ficar de maneira mais forte, é a necessidade de estarmos sempre buscando por mais educação e reciclagem constante, uma vez que a única certeza que temos é que tudo mudará muito em breve. Acreditando nesse mesmo caminho, o Grupo BLB Brasil investe em seus colaboradores por meio de ferramentas, treinamentos e tecnologias que julgam necessárias para a execução e evolução dos trabalhos e serviços prestados.
Lucas Cavalheiro e Victor G. Jorge
Divisão de Auditoria
Grupo BLB Brasil