Devido a mudanças relacionadas às habilidades que um cargo necessita, o mercado de trabalho tem exigido evolução constante dos profissionais. Sendo assim, não é de se estranhar que as responsabilidades de um CFO moderno sejam diferentes do que eram no passado.
Tradicionalmente, o CFO é a pessoa que deve saber tudo sobre os números de uma empresa. Em sua atuação mais antiga, era o responsável pela atribuição de cada centavo em seu devido lugar, pela supervisão das finanças, pelo corte de todos os gastos desnecessários e pela vigilância frequente contra roubos e fraudes.
Sabemos que essas funções ainda fazem parte do dia a dia desse profissional, mas o cenário está mudando. Agora, mais do que ser a pessoa dos números, o CFO é considerado o braço direito do presidente e atua de forma mais estratégica no futuro de um negócio. Quer saber como? Acompanhe este texto e confira!
O que é o CFO?
CFO é a sigla para Chief Financial Officer (em português, Chefe do Setor Financeiro). Em termos gerais, é o mais alto cargo do setor de finanças em uma instituição, respondendo diretamente à presidência. Em alguns casos, também pode ser chamado de Diretor Financeiro.
É um cargo de confiança, que possui pleno acesso ao direcionamento de todo o caixa de uma empresa. Os profissionais que chegam a esse estágio de carreira costumam ter uma boa graduação, MBA em universidade respeitada e inglês fluente. Não raro, foram promovidos do cargo de Controller ou possuem vasta experiência e acumulam cargos de liderança na área.
Qual seu papel dentro de uma empresa?
Para entender qual a função do CFO em um negócio, temos que entender sua atuação com o passar do tempo. Décadas atrás, antes da atualização causada pela internet e pela modernização das empresas, esse profissional tinha como principal responsabilidade cuidar das demonstrações financeiras e das finanças de sua companhia.
Por isso, passava o dia inteiro voltado para os números e criando relatórios que deveriam ser enviados à presidência. Porém, com a dinamização de mercado proporcionada pela tecnologia, somente a análise dos números alcançados não é suficiente para garantir a estabilidade financeira de um negócio.
Sendo assim, o CFO passou a ocupar um papel mais estratégico. Agora, as finanças do passado e do presente da empresa continuam sendo importantes, mas é o longo prazo que guiará as ações do profissional.
Então, além das funções tradicionais de garantir a conformidade com a lei, de prezar pela imagem da empresa perante fornecedores e instituições financeiras, de avaliar objetivos orçamentários, de manter atenção aos aspectos econômicos importantes para o negócio, entre outros, ele ganhou novas atribuições vitais para atingir o sucesso.
Quais são as novas responsabilidades de um CFO moderno?
1. Oferecer uma visão ampla sobre a direção dos negócios
Por ser uma pessoa que acompanha o status financeiro da empresa de perto, vê com frequência a evolução do mercado e sabe projetar resultados econômicos no longo prazo, o CFO é o profissional mais adequado para validar planos estratégicos.
Antigamente, novos projetos de um negócio só chegavam ao departamento de finanças e, mais especificamente ao diretor, no momento de fazer o orçamento e validar o projeto. O problema desse modelo é que, caso o custo esteja fora do alcance da empresa, todo o trabalho é perdido.
Com o modo de trabalho atual, pautado em um modelo que utiliza decisões multidisciplinares, o profissional pode colaborar para a criação de produtos que estejam alinhados com as tendências de mercado, a análise dos custos totais com que a empresa tem como arcar e a definição de metas realizáveis e, ainda por cima, mais lucrativas.
Para isso, é necessário que o CFO assuma a função de decisor dentro da empresa e seja capaz de avaliar o cenário em que ela se insere como um todo. Enquanto seu time acerta as finanças e calcula indicadores, ele se dedica a analisar a situação como um todo e se torna mais acessível para orientar os demais setores em seus respectivos projetos.
2. Avaliar a disponibilidade de recursos da empresa à risca
Cuidar das finanças da instituição é o papel básico de qualquer CFO. Porém, na conjuntura atual, ele deve fazer a realocação precisa dos ativos para gerar o melhor resultado possível para as empresas.
Nesse sentido, não basta ter dinheiro em caixa, a riqueza deve ser bem utilizada. Isso pode significar investimento em recursos humanos, adquirir novas máquinas e equipamentos, testar novas tecnologias ou qualquer outro item que dependa da alocação de recursos e possa trazer competitividade.
Esse é um dos motivos que explicam por que, em algumas organizações, o CFO tem outros departamentos, como o TI e o RH, sob sua tutela. Esse acúmulo de funções permite um gerenciamento mais efetivo de ativos e ganho de qualidade nas escolhas estratégicas.
Isso evita, entre outros problemas, que uma área tenha recursos excedentes enquanto outra sofre com orçamento apertado e tecnologia ultrapassada. A visão global do CFO é essencial para distribuir os investimentos de uma empresa com sabedoria.
3. Tornar-se a pessoa que detém os dados mais importantes da empresa
Novas ferramentas de trabalho, como análise de dados, big data e aplicações empresariais, permitem que o CFO ganhe mais qualidade em suas informações. Assim, ele consegue ser a pessoa que possui conhecimento de todos os departamentos, reunindo informações que vieram fragmentadas dos demais setores como marketing, vendas, manufatura etc.
Dessa forma, essa função ganha, de presente, um relatório completo da saúde da empresa, o que o ajuda a traçar planos de crescimento consistentes com o que o negócio precisa, conforme for sendo demandado pelos demais setores.
Isso não significa, porém, que o CFO será responsável por definir o trabalho de todos os departamentos. Com todo o conhecimento que possui, ele se torna uma espécie de conselheiro, que entrega as informações da maneira mais justa possível, sem fazer julgamentos e sempre mantendo o sucesso da empresa como prioridade em todas as suas ações.
4. Ser um especialista em investimentos
Devido ao papel de organizador, de captador e de aplicador dos recursos de uma companhia, a tendência é que, cada vez mais, o CFO seja obrigado a se inteirar sobre as opções de investimentos. Isso pode se dar de muitas formas. Esse profissional tanto precisa saber quais as melhores opções de investimentos para “guardar” o dinheiro da empresa e fazê-lo render quanto necessita entender profundamente sobre indicadores de rentabilidade em um investimento interno.
Mas a atuação do CFO vai além. Atualmente, conhecimentos de fusão e de aquisição são diferenciais importantes especialmente nas empresas que atuam em mercados com poucas possibilidades de crescimento orgânico. Estar ciente dos procedimentos necessários para abrir IPO na bolsa de valores também é relevante, particularmente no Brasil, cuja BM&FBOVESPA está em franca expansão.
Esse tipo de movimento expansivo é natural para empresas de porte, e se espera que o CFO tenha conhecimento suficiente para guiar a empresa por esse caminho, caso seja necessário, sempre tendo em mente o que é melhor para os interesses dos sócios e acionistas.
De qualquer maneira, atuação em investimentos não significa que o profissional vai passar o dia inteiro monitorando o sobe e desce das ações que a companhia comprou nem que se tornará um administrador de um fundo de private equity. Contudo, ele deve ter, pelo menos, uma familiaridade com esses termos para assessorar as decisões do CEO sempre que preciso.
5. Ter capacidade de interagir com outras áreas
Se no passado havia um preconceito com os profissionais de finanças por eles serem considerados pessoas não sociáveis que só pensavam em números, o perfil da profissão já tratou de deixar essa imagem para trás.
Atualmente, as finanças têm ganhado um perfil cada vez mais comunicativo e disposto a colaborar com todos os setores de uma empresa. Esse movimento é bastante natural, já que um negócio é um organismo vivo e, assim sendo, necessita que a informação flua para encontrar equilíbrio entre seus departamentos.
Por isso, um bom CFO deve evitar o isolamento no qual alguns líderes em cargos de gestão se colocam. Essa tendência de liderança, mais aberta, é muito útil para quem deseja ser um profissional atual, na medida em que, além de proporcionar maior integração entre os funcionários, colabora para que projetos mais produtivos e inovadores surjam na empresa.
6. Saber gerir as informações
Todo cargo de gestão lida com informações confidenciais todos os dias, mas o CFO precisa saber discernir o que realmente precisa ser guardado do que deve ser dividido com os funcionários, a fim de nutrir as tarefas do dia a dia.
Diretores financeiros mais antigos, que contam com décadas de experiência, podem ter mais dificuldade em agir dessa forma. Afinal, o cara dos números do passado estava acostumado a manter sigilo absoluto sobre todos os números de faturamento e de lucratividade de uma empresa.
Porém, em instituições modernas, sufocar a informação pode levar a atrasos, erros e, até mesmo, insatisfação dos funcionários. Por isso, conseguir dividir as informações faz parte das responsabilidades e características esperadas de um CFO no século XXI.
O tempo passou, as empresas se atualizaram e a função do CFO evoluiu em conjunto com as demais transformações do mercado de trabalho. Assim, não é de se estranhar que a figura do diretor financeiro que passava o dia inteiro calculando deu lugar a um executivo com visão de negócio, estratégia na veia e olhar para o futuro.
Para tanto, o profissional deve se posicionar como profundo conhecedor da instituição em que trabalha e ser capaz de avaliar o mercado, sem deixar de buscar inovações e novidades que possam destacar a empresa em relação aos seus concorrentes.
As responsabilidades de um CFO moderno estão diferentes do que eram há décadas, mas a tendência de evolução não parou por aí. Hoje em dia, mais do que nunca, estar atento aos movimentos e às necessidades do mercado pode fazer toda a diferença para quem busca ter uma trajetória profissional bem-sucedida.
Vale ressaltar que uma das responsabilidades de um CFO moderno é gerir equipes. Por isso, que tal saber mais sobre como as atitudes da liderança podem trazer motivação à equipe? Aproveite que está por aqui e confira nosso artigo sobre o assunto!