A nova contabilidade tem se mostrado cada vez mais desafiadora para os contadores, não só pelo processo da harmonização contábil, mas sobretudo pelas mudanças conceituais ocorridas, que têm exigido novas habilidades desses profissionais. Uma delas é a leitura e interpretação das normas que, embora sejam muito ricas em conceitos, não têm nada de conteúdo prático ou exemplificativo.
Sua aplicação segue baseada em duas premissas: (i) da prevalecência da essência sobre a forma e (ii) da subjetividade responsável. O domínio das novas normas contábeis, também conhecidas como International Financial Reporting Standards (IFRS), já está diferenciando no mercado os profissionais conforme essas novas habilidades e conhecimentos.
Nessa esteira, visando contribuir com o processo de profissionalização dos contabilistas, o Conselho Federal de Contablidade (CFC), com apoio dos Conselhos Regionais de Contabilidade (CRC), do Instituto Brasileiro dos Auditores Independentes (IBRACON) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), desde 2009, vem promovendo o programa de Educação Profissional Continuada (EPC), que exige a comprovação anual de algumas horas de atividades para profissionais ligados a algumas áreas contábeis e que a cada ano está mais abrangente.
Neste post você vai ver o que é a nova contabilidade, suas exigências e como ela tem impactado os contadores. Confira!
Evolução histórica até a nova contabilidade
A história da contabilidade é inerente à própria evolução da humanidade, já que a aplicação de seu conceito sempre esteve presente no meio social, ainda que de forma rústica e elementar, inicialmente.
O raciocínio básico da contabilidade nunca foi alterado, mantendo-se a noção de débito e crédito. A função e a forma de aplicação, por outro lado, passaram por uma impressionante transformação ao longo do tempo.
O desenvolvimento da contabilidade sempre acompanhou o crescimento da economia das sociedades, mas, sem dúvida, o surgimento e a evolução das grandes empresas foram o fato desencadeador mais importante para o desenvolvimento de suas técnicas modernas.
Nos dias atuais, principalmente no Brasil, a nova contabilidade tende a interligar e cruzar informações entre as empresas. Existe também um caráter bastante gerencial, com a necessidade crescente de informações relativas a custos, processos, capital humano e outros dados que podem ser imprescindíveis para o processo de tomada de decisão.
Nesse sentido, o contador deixa de ser somente um “apurador de impostos” para assumir, então, seu papel como gestor, responsável por informações importantes dentro da companhia e da sociedade.
O cenário brasileiro de contabilidade
No Brasil, houve um grande impacto na contabilidade no ano de 2007, com a promulgação da Lei nº 11.638 e, posteriormente, com a Lei nº 11.941/2009 que, juntamente com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e com as normas emitidas pelo CFC, foram responsáveis pela harmonização contábil no Brasil.
A harmonização foi um processo de adequação da contabilidade brasileira às normas internacionais, IFRS, emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB). Essas normas buscam usar e interpretar demonstrações contábeis de empresas de diferentes países, bem como utilizar normas e interpretações contábeis similares — contribuindo, assim, para a abertura dos mercados de capitais e, por consequência, para a transparência e confiabilidade das demonstrações contábeis pelos países que a adotam.
Sistema Público de Escrituração Digital (SPED)
Além do impacto anteriormente mencionado, a contabilidade brasileira ainda passou por uma importante revolução conhecida como Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). O SPED passou a exigir uma nova postura dos contadores, já que o sistema engloba um complexo número de atividades que se inicia com a emissão da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), a escrituração, a geração até o envio das informações contábeis da empresa de forma analítica.
O SPED foi só o início de um processo que abarca outras obrigações, entre elas questões fiscais, trabalhistas e até mesmo de controle de estoque, todas visando uma fiscalização mais rápida, eficaz e segura por parte do governo.
O contador precisa estar atento não só ao seguimento da legislação, mas também deve suprir seus clientes com o maior número possível de informações. Isso leva o profissional a ter uma preocupação tanto com o lado externo do negócio quanto com o lado interno, relativo aos seus processos e como eles serão efetuados para que seja possível cumprir com todas as exigências.
Exame de Suficiência e programa de Educação Profissional Continuada (EPC)
Ainda no contexto das mudanças que se apresentam como desafios e oportunidades, já que os contadores que estiverem atentos se destacarão no mercado, em 2011 ocorreu o retorno da exigência do Exame de Suficiência como requisito para obtenção do Registro Profissional e, em 2016, o programa de Educação Profissional Continuada (EPC), em vigência desde 2009 somente para os Auditores Independentes, foi ampliado para alcançar mais uma série de profissionais.
Ambos, o Exame de Suficiência e a EPC, demonstram preocupação dos órgãos de classe quanto ao nível de conhecimento e habilidades desses profissionais que se agravam com o impacto das mudanças ocorridas e como isso reflete no trabalho dos contadores.
A Educação Profissional Continuada, agora também exigida para profissionais que sejam responsáveis técnicos pelas demonstrações contábeis ou que exerçam funções de gerência/chefia na área contábil das empresas sujeitas à contratação de auditoria independente pela CVM, pelo BACEN, pela SUSEP ou consideradas de grande porte nos termos da Lei n° 11.638/2007 (sociedades de grande porte), além de peritos contábeis, exige que seja cumprida uma série de atividades que totalizem 40 horas no ano-calendário, de acordo com pontuação e definição dadas pelo próprio CFC. Essas atividades podem ser presenciais ou on-line, incluindo participação em eventos, feiras, congressos, palestras, cursos de especialização, entre outros.
Como se preparar para os desafios da nova contabilidade
Fica bem claro que será exigido cada vez mais do contador um caráter proativo, de busca constante pelo conhecimento e aperfeiçoamento não só técnico, mas também pessoal, já que o contador faz parte da gestão das empresas, o que envolve o relacionamento humano e suas nuances.
Assim, os profissionais precisam buscar, acima de tudo, o conhecimento em finanças, assunto esse que permeia praticamente todas as normas contábeis. Inicialmente, é preciso estar atento às mudanças constantes na legislação, assim como às revisões dos CPCs e emissão de novas normas contábeis.
Outro ponto de atenção é o das obrigações acessórias, que têm aumentado em número e complexidade, já que informações erradas ou que deixem de ser enviadas podem gerar multas e muita dor de cabeça não só para as empresas, mas também para os contadores.
Buscar educação continuada e aperfeiçoamento profissional já não são mais fatores considerados como um diferencial, mas sim como uma necessidade básica da profissão de contador, que passou a valorizar e a exigir mais do profissional no contexto da nova contabilidade.
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