Sempre que uma agência de classificação de risco (responsável por conferir grau de investimento ou especulativo) como a Moody’s rebaixa o rating do Brasil, as pessoas ficam preocupadas com a economia do país — na maioria dos casos, sem saber exatamente do que se trata. Superficialmente, a impressão que fica é que as coisas não estão bem, o que sugere problemas como inflação alta, desemprego, entre outros.
Mas você sabe exatamente o que esse tipo de situação significa na prática? Sabia que essas instituições, as chamadas agências de rating, avaliam não somente países, mas também empresas e isso pode ser muito importante para o seu negócio?
Pois vamos com calma. Acompanhe o texto e aprenda sobre grau de investimento, grau especulativo, entre outros pontos importantes nessa questão. Confira!
O que são agências de rating?
As agências de rating fazem avaliações a respeito da capacidade de uma empresa ou país honrar com os seus compromissos. Elas trabalham com critérios para verificar se existem boas ou más condições para que esses agentes pagarem suas contas nas datas previstas.
Para tanto, atribuem notas de risco que determinam se existe ou não a capacidade por parte desses agentes de pagarem suas dívidas. Existem várias agências de rating, sendo algumas das mais conhecidas a Moody’s Investor Services, a Fitch Ratings e a Standard&Poor’s.
Essas instituições oferecem parâmetros para que investidores tenham como avaliar se há maior ou menor risco em emprestar seu dinheiro para alguém. Essa classificação (rating) serve para empresas, países, títulos e operações financeiras.
O que é grau de investimento?
Existem dois tipos possíveis de notas dadas pelas agências: o grau de investimento e o grau especulativo. A distinção entre as duas é muito simples: ao ser atribuída com o grau de investimento, uma instituição mostra que tem boas condições para pagar suas dívidas, apresentando baixo risco para seus investidores. Por outro lado, ao receber o grau especulativo, o que uma empresa demonstra é que existe, sim, o risco da inadimplência.
Com o grau de investimento, governo e empresas possuem maiores chances de obter êxito ao solicitar empréstimos junto aos investidores, pois existe uma instituição especializada assegurando que a aplicação é confiável. Do contrário, o caminho fica mais difícil para quem busca apoio financeiro.
Como funciona a escala de notas?
Como vimos acima, os ratings podem ser classificados em dois grandes grupos, o grau de investimento e o grau especulativo. Entretanto, para se chegar a essa definição, as agências trabalham com escalas de notas, que variam de acordo com cada instituição.
Dessa forma, para a Moody’s a escala de classificação de risco fica assim:
- Aaa: mais alta qualidade;
- Aa1, Aa2 e Aa3: qualidade muito alta;
- A1, A2 e A3: qualidade alta;
- Baa1, Baa2 e Baa3: boa qualidade;
- Ba1 e Ba2: especulativo;
- B1, B2 e B3: altamente especulativo;
- Caa1, Caa2 e Caa3: risco substancial;
- Ca: risco muito alto;
- C: risco excepcionalmente alto.
Para a Standard & Poor’s:
- AAA: mais alta qualidade;
- AA: qualidade muito alta;
- A: qualidade alta;
- BBB: boa qualidade;
- BB: especulativo;
- B: altamente especulativo;
- CCC: risco substancial;
- CC: risco muito alto;
- C: risco excepcionalmente alto;
- D: inadimplente.
Para a Fitch:
- AAA: mais alta qualidade;
- AA: qualidade muito alta;
- A: qualidade alta;
- BBB: boa qualidade;
- BB: especulativo;
- B: altamente especulativo;
- CCC: risco substancial;
- CC: risco muito alto;
- C: risco excepcionalmente alto.
Como as agências de rating atribuem notas às empresas?
Para atribuir notas, as agências passam um verdadeiro “pente-fino” nas informações disponíveis a respeito de seu objeto de estudo. Na avaliação de países, elas analisam as contas públicas, o cenário macroeconômico, as perspectivas de investimento e a conjuntura política.
No caso da avaliação das empresas, isso depende também da nota de crédito do país. Ou seja, uma piora na avaliação da capacidade do Brasil de honrar seus compromissos pode fazer com que o rating das empresas brasileiras também seja rebaixado, por exemplo.
É comum que as próprias empresas paguem para terem suas dívidas classificadas em função do risco de crédito. Um dos motivos para tanto é a resistência e até limitações legais por parte de investidores em adquirir títulos sem o devido conhecimento do rating da instituição.
Para atribuir uma nota a uma empresa, as agências de rating costumam avaliar fatores como a geração de caixa e o nível de endividamento da instituição.
As agências de rating são confiáveis?
É importante destacar que as agências de rating nem sempre acertam. Em 2008, por exemplo, elas falharam ao atribuírem notas altas às operações de vendas de hipotecas imobiliárias nos EUA.
Posteriormente, esses investimentos foram os responsáveis pela quebra de bancos e investidores, gerando a grande crise financeira da última década. O que acabou levantando forte discussão acerca da credibilidade dessas agências.
Entretanto, elas ainda são vistas como independentes e imparciais, sendo tidas como os parâmetros mais confiáveis para avaliar a capacidade de um país ou empresa honrarem com os seus compromissos.
Investidores no mundo todo seguem essa lógica. A fim de conseguirem o que precisam e atraírem investimentos para os seus negócios, eles compreendem a necessidade de alcançar as melhores classificações na avaliação dessas instituições, confirmando a sua capacidade de pagarem a suas dívidas.
Qual a relação entre as dívidas e o grau de investimento?
Como visto, é o equilíbrio financeiro de uma companhia que determina se o seu rating será positivo ou não, o que pode garantir maior facilidade de acesso ao crédito. Dessa forma, para que sua empresa chegue ao patamar de grau de investimento, é fundamental que ela dê uma atenção especial à questão das dívidas.
Atingir o grau de investimento pode ser o diferencial que a sua empresa precisa para conseguir o crédito necessário para realizar investimentos importantes ao seu desenvolvimento. É por isso que a gestão precisa dedicar uma atenção especial ao fluxo de caixa e, principalmente, ao pagamento das dívidas.
Com o devido controle financeiro da sua companhia, você pode fazer da nota de crédito um ponto positivo para os investidores interessados em apoiar sua empresa.
O que fazer para lidar com as dívidas?
O ideal é ter disciplina e trabalhar com planejamento para evitar o acúmulo de dívidas no seu negócio. Caso você se encontre nessa situação, algumas práticas podem ser úteis para ajudá-lo, confira:
- compreender as causas que têm levado seu empreendimento às dívidas, buscando repensar as práticas da organização;
- adotar sistemas de controle financeiro para reduzir despesas;
- não atrasar impostos;
- não atrasar a folha de pagamento dos funcionários;
- buscar soluções para reduzir a inadimplência de clientes;
- propor soluções para viabilizar o adiantamento dos clientes;
- calcular a necessidade de capital de giro e trabalhar exclusivamente com capital de giro próprio ou com o auxílio de fornecedores;
- reduzir o capital de giro, diminuindo o prazo de recebimento e estocagem;
- desconsiderar factoring (fomento mercantil ou comercial) e agiotas a fim de evitar taxas altas;
- reduzir o estoque e buscar soluções, como o sistema Just in Time (JIT);
- renegociar dívidas com pagamento parcelado em função da projeção do fluxo de caixa;
- vender ativos da empresa visando capitalização.
Como fazer do caixa um diferencial para ter boas notas?
O fluxo de caixa é um dos elementos mais importantes da gestão financeira de uma empresa. Para fazer seu devido controle, o primeiro passo é registrar todas as movimentações financeiras, sejam elas de entrada ou de saída.
Em seguida, crie categorias, de maneira que você tenha como identificar quais são os principais tipos de receitas e despesas e conhecer suas origens. Verificando esses resultados diariamente, já começa a ficar mais fácil prever situações, prevenir o caixa de eventualidades e ter como se planejar pensando em novos investimentos.
Tenha atenção especial à forma como os registros serão feitos. Nem sempre uma venda representa um recebimento no momento em que o negócio é fechado. Vendas a prazo precisam ser consideradas criteriosamente. Além disso, controle seu estoque de modo a fazer dele um parâmetro para conferir as suas necessidades de investimentos e gastos no fluxo de caixa.
É bom lembrar que, com o fluxo de caixa, você tem como projetar ações para um período longo, mas ele permite um planejamento em curto prazo também. Considere o plano mensal, comparando os resultados do final de cada mês com o que foi planejado.
Todo esse processo pode ser simplificado se você trabalhar com um sistema de gestão financeira. Não deixe de considerar esse recurso para otimizar seu dia a dia em relação ao fluxo de caixa.
Enfim, é muito importante considerar as possibilidades que podem ajudar a sua empresa a decolar. Utilizar todas as ferramentas possíveis para atingir o grau de investimento pode ser determinante na hora de atrair investidores e fazer o seu negócio mudar de patamar. Não deixe de dar a devida atenção a tudo o que envolve as notas de crédito para garantir maiores recursos para a sua empresa.
Agora que você sabe sobre o grau de investimento e a importância lidar com dívidas para conquistar esse diferencial para a sua empresa, não deixe de assinar nossa newsletter. Temos mais informações que podem ser relevantes para o seu negócio.