Você reparou que nunca se falou tanto sobre inovação? Com a crise econômica no Brasil, inovar se tornou praticamente uma obrigação para todas as marcas que não querem perder mercado. Mas para criar e apresentar novas soluções ao consumidor não basta ter boa vontade.
Os gestores precisam investir na gestão da inovação nas empresas e na implementação de uma cultura interna que alimente o processo criativo, gerando novos produtos e serviços. Por outro lado, esse é um assunto bastante novo para a maior parte das organizações. É natural que ainda existam muitas dúvidas.
Afinal, o que é de fato a gestão da inovação e como ela funciona? Qual é o papel dela na empresa? Essas e outras respostas você confere a partir de agora.
O que é gestão da inovação nas empresas?
A gestão da inovação nas empresas é uma área que vem ganhando espaço recentemente, responsável pelo gerenciamento de inovações e ideias. Esse processo trata a inovação de forma responsável, envolvendo estratégia, modelos, recursos e ferramentas.
Por muito tempo, a criação de ideias foi vista como algo desorganizado e não sistemático. A gestão da inovação nas empresas busca mudar essa visão, facilitando a inovação e mudando a maneira como a equipe lida com a resolução de problemas e a apresentação de produtos e soluções.
Essa gestão está muito ligada à mudança da cultura de inovação dentro do ambiente corporativo, mas também pode envolver a aplicação da tecnologia tanto nos processos criativos quanto no desenvolvimento de produtos e serviços.
Por que a gestão da inovação é importante?
Por que algumas empresas criam cada vez mais patentes enquanto outras estão estacionadas? Por que algumas organizações deixam outras “comendo poeira” quando se trata de inovação e melhorias? A resposta não é que existe algum gênio brilhante por trás das criações, e muito menos que tudo é questão de sorte.
Companhias como Apple, Toyota, General Electric, Visa e Procter&Gamble investem constantemente na gestão da inovação e têm resultados fantásticos. Quer um exemplo? Vejamos um breve estudo de caso da Toyota. A empresa tem desbancado montadoras americanas há tempos, e os motivos muitas vezes são menos óbvios do que parecem. Mesmo quando as companhias americanas alcançam os japoneses em faturamento, estes apresentam uma margem de lucro muito maior.
Uma das explicações é que a Toyota implementa melhorias de produtos, processos e falhas em uma velocidade absurda. E isso tudo está ligado à maneira como a organização encara essa inovação.
Enquanto as companhias americanas deixam a inovação e a melhoria dos processos nas mãos somente de alguns funcionários ou gestores mais especializados, há muito tempo a Toyota acredita que todos os empregados podem ser “resolvedores” de problemas, criadores e agentes de mudança. Na prática, a Toyota deu a cada empregado as habilidades, as ferramentas e a permissão para resolver problemas à medida que eles surgiam – e também para afastar novos problemas antes que eles ocorram.
Qual o papel da gestão da inovação nas empresas?
De modo geral, a gestão da inovação é responsável por criar um terreno fértil onde não haja barreiras para o surgimento, implementação e execução de ideias fantásticas. Um de seus papéis mais importantes é derrubar os obstáculos existentes para que isso se torne possível.
O objetivo é gerar uma ausência de regras, ambiente e comportamentos que bloqueiem a colaboração e a sugestão de melhorias e inovações. Ao mesmo tempo, a gestão da inovação oferece recursos, visões e procedimentos que potencializem essas iniciativas.
A partir do momento em que se cria uma cultura em que todo funcionário pode inovar, a gestão da inovação permite que as empresas encontrem mais ideias e soluções. Além disso, a visibilidade das ideias é muito importante: é preciso facilitar o compartilhamento delas entre colaboradores que possuem diferentes habilidades e conhecimentos.
Dessa forma um pode contribuir com o outro, identificando as melhores propostas e ajudando a desenvolvê-las ainda mais. Outro ponto importante da gestão da inovação é a postura da empresa em relação à execução. Não basta ter ótimas ideias, é preciso que elas sejam colocadas em prática e inseridas no mercado.
Como a inovação pode ser aplicada nas empresas?
A verdade é que qualquer colaborador pode ter boas ideias. Porém, o grande desafio é criar um ambiente que valorize a contribuição, selecione as melhores propostas e seja capaz de levá-las ao mercado. Além disso, as empresas que tentam ser criativas sem fazer a gestão da inovação costumam falhar em um ponto muito importante: a utilidade das ideias.
De nada adianta gerar propostas incríveis que não tenham aplicação prática. Para isso, é preciso focar na busca de soluções para problemas e necessidades reais do dia a dia. Veja a seguir as etapas que podem ser implementadas para gerar inovações:
1. Identificação de necessidades, oportunidades e problemas
Essa etapa pode ser feita pelos gestores e deve responder a algumas questões:
- Quais são os problemas atuais que a empresa enfrenta?
- Que necessidades de melhorias de produtos e serviços nós temos?
- Quais processos internos têm falhas?
- O que está faltando no mercado que nós poderíamos oferecer?
2. Entendimento do problema
Essa é a hora de se aprofundar e pesquisar:
- Como é o comportamento do consumidor? O que ele está procurando?
- Como as pessoas agem em situações relacionadas aos nossos serviços ou produtos?
- Existem outras soluções para o mesmo problema? Quais?
O ideal aqui é fazer anotações, ir a campo, tirar fotos que ilustrem as situações, conversar com especialistas e assim por diante.
3. Troca de impressões
Essa etapa pode ser feita com conversas internas, em que diferentes membros da equipe apontam suas impressões sobre os estudos e pesquisas feitos. Quanto mais os problemas e necessidades do consumidor forem discutidos, mais fácil será gerar ideias posteriormente.
4. Geração de ideias
Depois de entender a questão profundamente, passamos à geração de ideias. Aqui é legal utilizar diversas técnicas: design thinking, brainstorming, associação de ideias etc. Nesse momento é preciso deixar as regras de lado, sem filtros ou restrições. Vale adaptar, modificar, juntar diversas propostas e fragmentos. O foco é gerar o maior número possível de ideias.
5. Filtro de ideias
Após gerar um grande número de ideias, o ideal é deixar que elas “descansem” por um tempo. Alguns dias depois, é hora de voltar a elas e começar a filtrá-las, podendo adaptar e agrupar ideias semelhantes. As “sobreviventes” devem se transformar em uma proposta de projeto para avaliação.
6. Seleção de projetos
A seleção pode ser feita por meio de votação ou da maneira que sua empresa preferir. Nessa etapa, os profissionais envolvidos apresentarão as ideias para os colegas ou para uma comissão, mostrando argumentos e buscando convencê-los a apostar no projeto. O clima deve ser descontraído e a competição, saudável.
7. Desenvolvimento das ideias
Chegou a hora de colocar tudo em prática. Os projetos selecionados devem ser elaborados e executados usando métodos de gestão de projetos.
O objetivo é transformar cada projeto em algo palpável, que possa ser testado e aplicado, já que isso pode fazer uma grande diferença no futuro da organização. Outra dica é que as melhores inovações podem ser premiadas e comemoradas. Assim, todos os colaboradores têm um incentivo a mais para participar.
A gestão da inovação nas empresas é um processo capaz de tirá-la da inércia e gerar novos produtos e soluções. Deve ser implementada de forma organizada, identificando comportamentos nocivos, processos que podem ser melhorados e recursos a serem disponibilizados aos colaboradores.
Os resultados para quem aplica isso na prática costumam ser fantásticos e fazem uma enorme diferença em relação aos competidores.