Empresa que dá lucro também quebra

Empresa que dá lucro também quebra

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Paula tem uma fábrica de calçados infantis que está vendendo muito bem. Em um ano e meio de funcionamento do negócio, seu lucro foi relativamente alto. Mesmo assim não consegue ter dinheiro em caixa para pagar todas as contas. O que está havendo com a contabilidade da empresa de Paula? A fábrica pode quebrar?

De acordo com o Sebrae, aproximadamente 45% das Pequenas e Médias Empresas – PMEs, fecham as portas nos dois primeiros anos. Paula não quer fazer parte dessa estatística, mas se continuar com esse desequilíbrio contábil, sua empresa tem grandes chances de ir à falência.

O futuro de um negócio depende muito de sua administração e de um trabalho de contabilidade bem feito. Dentre os inúmeros documentos e relatórios que fazem parte desse trabalho, a liquidez e a lucratividades são dois indicadores importantes sobre a situação financeira de um negócio.

Como a liquidez e a lucratividade afetam o negócio de Paula?

A fábrica de calçados é lucrativa, porém o problema ocorre porque seus compromissos financeiros vencem antes do período em que recebe os valores das vendas de suas mercadorias.

Para confeccionar os sapatos, Paula adquire matéria-prima, utiliza energia elétrica, compra equipamentos – enfim – possui gastos naturais de uma empresa do porte dela. Esses compromissos vencem sempre em 30 dias. Contudo, a confecção dos calçados demora em torno de 10 dias, a venda e a espera pelo pagamento acontece em aproximadamente 60 dias.

O custo total para fabricar os sapatos infantis fica em torno de R$ 15 mil. Paula vende a mercadoria por R$ 25 mil. A lucratividade de Paula é relativamente alta, R$ 10 mil. Como as contas da fábrica vencem em 30 dias, ela deverá desembolsar os R$ 15 mil, e só receberá os valores da venda em 70 dias. Ou seja, a empresa de Paula, mesmo sendo lucrativa, não possui liquidez para pagar os compromissos assumidos. Ela recorre a empréstimos bancários para conseguir honrar os pagamentos e, assim, contrai dívidas.

Ainda não estamos considerando fatores como atraso no pagamento dos clientes, crise econômica e eventuais gastos que ocorrem na empresa. Essas variáveis comprometem ainda mais as finanças do negócio. E se esse ciclo continuar por muito tempo, a fábrica de Paula não terá um futuro promissor, as dívidas irão aumentar e ela correrá o risco de fechar as portas.

A importância dos Indicadores de Desempenho

O exemplo da fábrica de calçados de Paula é bastante básico, mas demonstra claramente a importância do conhecimento de contabilidade para o bom andamento dos negócios. Dentre esses, estão alguns Indicadores de Desempenho como: a Alavancagem Financeira e o Nível de Endividamento. Além deles, temos também o EBITDA, que é muito utilizado nas empresas de capital aberto.

Com esses indicadores podemos conferir as discrepâncias entre as entradas e saídas de caixa. Podemos mensurar a média de tempo dos recebimentos das vendas a prazo, além do tempo médio de pagamentos que a empresa precisa realizar.

Sendo assim, podemos conferir, com a Alavancagem Financeira e com o Nível de Endividamento, quanto o período para pagamento é menor ou maior que o prazo oferecido para o recebimento dos valores das vendas dos produtos.

Alavancagem Financeira

Está relacionada à captação de recursos de terceiros, como empréstimos e ações preferenciais, para financiar investimentos e com finalidade de aumentar a produção, vendas e lucro. É utilizada como forma de evitar que as operações sejam financiadas com o patrimônio da própria empresa.

Apenas terá Alavancagem Financeira se, dentro da estrutura de capital de uma empresa, houver capital de terceiros que exigem remuneração em formato de juros.

Em uma organização, quanto mais elevado por seu Grau de Alavancagem Financeira, mais elevado também será seu endividamento e risco financeiro. Caso a Alavancagem Financeira apresente maior valor em relação ao seu endividamento, maior também será seu índice de alavancagem. Dessa forma, para que uma empresa tenha ganhos maiores, terá que correr mais riscos.

Nível de Endividamento

Esse índice retrata o quão a empresa está dependente dos recursos adquiridos com terceiros, como por exemplo, instituições financeiras. Quanto mais os negócios estiverem dependendo desses formatos de recursos, as despesas financeiras da empresa relacionadas ao pagamento dessas dívidas serão maiores também.

O cálculo que demonstra o nível de endividamento da empresa é baseado no seu Balanço. Ele é realizado com a soma de todo o passivo da empresa dividido pelo total do ativo. O resultado deve ser multiplicado por 100, pois o índice é apresentado em formato de porcentagem.

Exemplo:
Passivo total R$ 15.000,00 ÷ Ativo total R$ 40.000 = 0.375 x 100 = 37.5% é o índice de endividamento.

O exemplo mostrado acima significa que 33,5% dos recursos aplicados nos ativos da empresa são financiados com recursos de terceiros. Os 62,5% são de recursos próprios financiando os ativos da empresa. Sendo assim, concluímos que o nível de endividamento da empresa é razoável, pois a participação de capitais próprios na empresa é maior que o investimento de terceiros. O ideal é que esse índice nunca ultrapasse 50%. Quando o índice passa de 50% é sinal que a empresa depende mais de recursos financeiros de terceiros do que dos recursos próprios.

O EBITDA

É uma sigla inglesa que seu significado já é autoexplicativo: Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização. O cálculo é realizado com a fórmula: EBITDA = Faturamento – Custos – Despesas.

Ele representa a geração operacional de caixa da companhia. Quanto a empresa gera de recursos somente em atividades operacionais, sem considerar os efeitos financeiros e de impostos.
A importância desse indicador é que ele permite a análise não somente do resultado final da empresa, como o processo de geração de valor como um todo. Por conta disso, é muito utilizado no mercado de ações, porque compara empresas de setores diferentes, avaliando o lucro referente ao negócio.

É importante ressaltar que o EBITDA pode apresentar uma ideia falsa sobre a liquidez dos negócios por não considerar possíveis operações de financiamentos e empréstimos utilizados.

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Agora que você conhece os fatores de desempenho está na hora de colocar as contas em ordem e não deixar que sua empresa entre nas estatísticas como mais uma a fechar as portas. A Paula já entendeu o recado.

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