Diferenças e aplicações do ponto de equilíbrio contábil, financeiro e econômico

Diferenças e aplicações do ponto de equilíbrio contábil, financeiro e econômico

8 minutos de leitura

Você já deve ter ouvido inúmeras vezes que, para um negócio dar certo, é preciso encontrar o ponto de equilíbrio. Basicamente, esse é o ponto em que a receita da empresa se iguala às despesas. Portanto, é a partir dele que a organização efetivamente deixa de perder dinheiro e pode começar a ter lucro.

Com o cálculo do ponto de equilíbrio é possível saber o número de vendas (ou o valor em transações) necessário para manter tudo funcionando, sem ter prejuízo. Porém, ao contrário do que muitos gestores pensam, existem diferentes maneiras de chegar a esse valor. Estamos falando do ponto de equilíbrio contábil, financeiro e econômico.

Neste artigo vamos mostrar quais são as diferenças entre essas três metodologias. Você também vai compreender por que elas são importantes para o controle financeiro de qualquer negócio e descobrir como são aplicadas. Para isso, vamos apresentar um passo a passo detalhado dos cálculos.

E então, quer aprender como definir esse número essencial para garantir o sucesso do seu negócio? Fique conosco!

Diferenças entre ponto de equilíbrio contábil, financeiro e econômico

Contábil

É a forma mais simples e também a mais utilizada. Nessa modalidade, o valor dos custos e das despesas fixas é dividido pela margem de contribuição, tendo como resultado o valor necessário para igualar os gastos.

Financeiro

O ponto de equilíbrio financeiro tem um cálculo semelhante ao contábil. A única diferença é que, aqui, a depreciação dos ativos e outras despesas não desembolsáveis são excluídas dos custos fixos.

Há empresas que incluem esses valores na conta, considerando a depreciação como despesa. Imagine que a companhia tenha um computador que antes era avaliado em R$ 2.000,00 e agora vale R$ 1.500,00, perdendo R$ 500,00.

A decisão é: devemos incluir esses R$ 500,00 na lista de despesas da organização? Se a conta for feita pelo padrão do ponto de equilíbrio contábil, os R$ 500,00 serão inclusos como despesa. Agora, se o cálculo partir do ponto de equilíbrio financeiro, essa diferença será ignorada (já que não houve nenhum desembolso de dinheiro do caixa).

Resumindo: no ponto de equilíbrio financeiro consideramos como custo apenas aqueles valores que realmente saíram do caixa da empresa.

Econômico

O ponto de equilíbrio econômico é um pouco mais complexo que os dois anteriores, pois ele inclui no cálculo o custo de oportunidade, uma correção monetária que é considerada como despesa fixa.

Isso porque, do ponto de vista econômico — isto é, para um investidor —, não basta saber quanto ele está tendo de receita com a empresa. É preciso descobrir, também, se ele teria mais lucros ao investir o dinheiro em outros ativos, como aplicações financeiras, imóveis ou até mesmo em outras empresas.

Para o ponto de equilíbrio econômico é preciso pensar como se o empreendedor estivesse aplicando dinheiro em um investimento com uma taxa anual. Essa taxa varia de acordo com o cenário econômico.

Portanto, o ponto de equilíbrio econômico só é alcançado quando a empresa paga todas as despesas e consegue ter uma remuneração equivalente àquela que o investidor teria se tivesse aplicado o capital no mercado.

A importância das diferentes formas de cálculo

Como mencionamos na introdução deste artigo, o ponto de equilíbrio é um dos indicadores mais importantes em um negócio, pois mostra quanto é preciso vender para não ficar no vermelho. Sendo assim, esse é o principal número a ser conhecido e acompanhado para eliminar a possibilidade de prejuízo na operação.

O ponto de equilíbrio financeiro é o mínimo necessário para garantir a saúde financeira de qualquer empresa, em qualquer situação, independentemente do setor de atuação.

Caso a organização conte com muito maquinário, veículos ou com outros tipos de ativos que sofram depreciação, é indicado utilizar o ponto de equilíbrio contábil. Dessa forma, a análise se torna mais realista, e fica mais fácil projetar investimentos futuros para substituição de equipamentos, por exemplo.

Já o ponto de equilíbrio econômico é extremamente útil para empreendedores que estejam entrando em um negócio, para investidores e para qualquer organização que pretenda levantar investimentos e aportes — sendo indicado para startups, por exemplo.

Organizando-se para encontrar o ponto de equilíbrio

Antes de partir para o cálculo do ponto de equilíbrio em si, é válido lembrar que existem informações importantes a serem analisadas para que todas as contas sejam feitas.

É necessário que a empresa tenha um controle financeiro e esteja com a contabilidade em dia. Para isso, você pode contar com o auxílio do seu contador e dos responsáveis pelo setor financeiro da companhia.

São dois pontos principais a serem seguidos:

Volume e preços de produtos

É bastante útil contar com uma projeção de receitas ou, ainda, com o histórico de receitas de períodos anteriores, especialmente se você não conhece o custo variável do produto.

As receitas são obtidas a partir da multiplicação dos preços individuais dos produtos, multiplicados pelo volume. Portanto, ao buscar valores de receita, é válido procurar tanto pelo preço quanto pelo volume, pois isso trará mais informações, melhorando o poder de análise.

Separação entre despesas fixas e custos variáveis

É comum que muitos líderes busquem o ponto de equilíbrio financeiro considerando como despesas somente os gastos diretos com o serviço ou com a produção (como matéria-prima e impostos). Porém, é necessário compreender a ligação entre receitas e gastos em profundidade, entendendo quais preços devem ser praticados para chegar ao lucro.

Para isso, separe todos os custos variáveis das despesas fixas. Os custos variáveis surgem com a prestação do serviço ou com a produção dos itens a serem vendidos. Esses valores sempre vão variar de acordo com a quantidade vendida ou produzida. Assim, quanto maior a produção e as vendas, maiores serão os custos variáveis.

Já as despesas fixas são aquelas que se mantêm estáveis independentemente do volume de vendas, a exemplo dos aluguéis, seguros, internet etc.

Como calcular o ponto de equilíbrio nas três modalidades

Calculando o ponto de equilíbrio contábil

Para calcular o ponto de equilíbrio, vamos utilizar a forma mais básica de um Demonstrativo de Resultados do Exercício:

+ Receitas de vendas [pv * x] – Custo variável total [cv * x] = Margem de contribuição total [x * (pv-cv)]
– Custos operacionais fixos [cf] = Lucro operacional [LAJIR]
– Despesas financeiras [df] = Lucro antes do IR [LAIR]
– Provisão para o IR
= Lucro Líquido [LL]

Onde:

cf = custo operacional fixo
cv = custo variável unitário
x = quantidade vendida (unidades)
pv = preço por unidade vendida

Assim, o LAJIR será conhecido por:

LAJIR = pv * x – cv * x – cf

No entanto, se o PE é o nível em que o LAJIR (vendas necessárias para empatar as despesas fixas e obrigações) é igual a zero, temos:

LAJIR = 0 = pv * x – cv * x – cf

Isso nos leva à seguinte equação (neste cálculo, podemos descobrir o ponto de equilíbrio em quantidade):

PEC = cf / pv – cv

Exemplificando:

Digamos que uma empresa tenha R$ 20.000,00 de custos fixos totais e que ela venda seu principal produto a R$ 110,00; com custo variável de R$ 60,00 por unidade. Agora, vamos descobrir quantas unidades devem ser vendidas para liquidar as despesas fixas:

x = 20.000
110 – 60
x = 400 unidades

Se preferirmos, também podemos conhecer o valor necessário em unidades monetárias. Para isso, basta multiplicar a quantidade (x) pelo preço de venda (pv):

x = 400 unidades * R$ 110 = R$ 44.000

Calculando o ponto de equilíbrio financeiro

É calculado da mesma forma que o ponto de equilíbrio econômico. Porém, neste caso, você deve incluir nos custos fixos a depreciação e outras despesas não desembolsáveis.

Para facilitar, podemos usar a seguinte fórmula:

PEF = CF – (A+ Dp)
pv – cv

Onde:

PEF = Ponto de Equilíbrio Financeiro em quantidade vendida
pv = preço por unidade vendida
cf = custo operacional fixo
cv = custo variável unitário
A = Amortizações
Dp = Depreciações

Calculando o ponto de equilíbrio econômico

Como explicamos, o ponto de equilíbrio econômico também inclui o custo de oportunidade. Para essa modalidade, podemos usar a seguinte fórmula:

PEE = CF + COp
pv – cv

Onde:

pv = preço por unidade vendida
PEE = Ponto de Equilíbrio Econômico em quantidade vendida
cv = custo variável unitário
cf = custo operacional fixo
COp = Custo de Oportunidade

Calcular o ponto de equilíbrio contábil, financeiro ou econômico pode parecer complexo para quem não está acostumado a lidar com esses termos. No entanto, fica claro que conhecer esse valor é fundamental para garantir a saúde financeira de qualquer negócio.

Assim, cabe ao gestor manter o controle financeiro e a contabilidade sem erros para que o ponto de equilíbrio seja sempre conhecido. A partir daí, abre-se caminho para que a empresa possa evitar o prejuízo, alcançando a rentabilidade desejada.

Gostou deste artigo sobre ponto de equilíbrio contábil, financeiro e econômico? Então aproveite para seguir nosso perfil nas redes sociais e acompanhar outros conteúdos! Estamos no Facebook e no LinkedIn!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *