O grande desafio corporativo do século XXI é a adequação da visão corporativa e dos paradigmas das empresas que ainda adotam práticas de gestão do século XX, mas competem em um ambiente de constantes mudanças e transformações.
Entidades, sejam elas públicas ou privadas, trabalham, em sua maioria, com uma cultura baseada em uma estrutura rígida, focada no comando e controle, inibindo a autonomia e o poder de criação de seus colaboradores, não permitindo um atendimento ágil e eficaz aos seus stakeholders.
Assim, as organizações que adotam esse tipo de cultura acabam criando um choque de gestão entre a visão corporativa de sua empresa e as necessidades dos seus principais stakeholders, especialmente, os clientes.
Visão corporativa voltada para dentro
O foco dos gestores sempre se direcionou para um aumento de performance e produtividade, sendo, assim, centrado na própria organização. Nesse sentido, as empresas se guiam por meio de processos estruturados e sequenciais que geram produtos e serviços padronizados, não buscando, dessa forma, um diferencial de mercado e uma vantagem competitiva sustentável baseada no que os diferentes clientes precisam.
Mudando o foco para fora
Atualmente, há um movimento de transformação do foco corporativo, saindo de uma visão da economia centrada nas organizações para uma visão centrada nos clientes.
As evoluções do mundo corporativo, principalmente relacionadas à tecnologia, proporcionam aos consumidores uma gama de informações sobre as empresas e seus produtos e serviços, permitindo maior relacionamento e, consequentemente, maior exigência desses clientes para com as organizações com as quais interagem.
Nesse contexto, organizações precisam se transformar radicalmente, deixando de olhar prioritariamente para as estruturas e os processos internos que viabilizam a oferta de produtos e serviços ao mercado. É preciso enxergar qualquer negócio “de fora para dentro”, com maior ênfase nas experiências vivenciadas pelos clientes.
Assim, duas principais áreas de nossas vidas tendem a passar por essa transformação de foco, sendo elas: educação e saúde.
Na educação, a mudança “de fora para dentro” é baseada na transformação do modelo convencional de educação centrada nas instituições para um modelo baseado nos alunos. Essas mudanças vão muito além de discussões sobre o uso ou não de tecnologias de apoio; envolvem novas formas de aprendizagem focadas nas características individuais dos estudantes, em contraposição às formas tradicionais de ensino.
Como na educação, a saúde também passará pela mudança “de fora para dentro”, transformando a visão centrada nos hospitais e médicos, passando para um modelo baseado nos pacientes. Com maior disponibilidade de informações e o uso de tecnologias em favor dos pacientes, será possível vermos uma verdadeira transformação da medicina nos próximos anos. E a chave para tal passa por reconhecer que os pacientes ocupam o papel principal na manutenção de sua saúde.
Novas formas de oferecer produtos e serviços
Assim sendo, apesar de produtos e serviços serem ofertados em grande escala, levando em consideração a padronização, eficiência e produtividade, clientes possuem experiências e necessidades individualizadas (explicitados anteriormente tanto para a educação, quanto para saúde), já que duas pessoas não podem ter a mesma experiência, uma vez que esta é derivada da interação entre os estímulos planejados e a mente de cada indivíduo.
Será preciso encontrar novas formas de gerir que consigam conciliar produtividade com individualização de experiências; e isso trará inúmeros impactos para a operação interna das empresas e instituições. As organizações e seus gestores também precisarão se reinventar para acompanhar essa mudança de pensamento, sob o risco de continuarem presos aos paradigmas do século passado.
Fonte: Leandro Jesus, Co-Founder do EloGroup
Yuri Areco
Divisão de Gestão e Finanças
BLB Brasil Auditores e Consultores