A carreira contábil é uma das mais versáteis do mercado já que permite a atuação em campos bastante distintos. Uma das áreas que mais se destaca neste contexto é a auditoria, que vem ganhando destaque em terras brasileiras e internacionais.
Neste post você vai compreender o que é a auditoria, para que ela serve, como é o trabalho em uma auditoria contábil e todas as possibilidades que ela oferece para sua carreira.
Como surgiu a auditoria?
A auditoria surgiu e se desenvolveu juntamente com a própria evolução do capitalismo e a transformação de empresas familiares em grandes corporações. A partir do crescimento dessas organizações, a busca pela competitividade também foi aumentando e a necessidade de controles, redução de custos e novas formas de financiamento, principalmente por meio de mercado de ações, fomentou o uso da auditoria e de suas ferramentas.
Um dos marcos históricos da auditoria ocorreu no ano de 1934 nos Estados Unidos, no período pós-quebra da bolsa de valores. Nesse ano a profissão assume grande importância. Isso porque as empresas que negociavam na bolsa foram obrigadas a passar por processos de auditoria. O objetivo era garantir a veracidade das informações contábeis e criar uma nova onda de confiança nos mercados.
Como funciona a auditoria no Brasil?
Em terras nacionais, a auditoria teve como um dos seus primeiros marcos a Lei 4.728 de 1965 relacionada ao mercado de capitais. Ela também tratou, de forma pioneira, da exigência da auditoria. Já no ano de 1972 foram criadas e promulgadas pelo Banco Central do Brasil (BCB) normas de auditoria. No ano de 1976 foi criada a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) com o objetivo de fiscalizar, normatizar e controlar o mercado de valores imobiliários no Brasil.
Além disso, fatores como a vinda de filiais e subsidiárias de grandes corporações, financiamento de empresas brasileiras por entidades internacionais, crescimento, diversificação e descentralização das organizações nacionais, evolução do mercado de capitais, entre outros, também impulsionaram a auditoria no Brasil.
Entretanto, deve-se ressaltar que, de forma específica, a auditoria brasileira ainda não atingiu o mesmo nível de desenvolvimento que possui em outros países. Isso acontece devido à legislação no Brasil ter um aspecto bastante fiscal e voltado, essencialmente, à apuração e recolhimento de impostos. O resultado disso é o atraso do desenvolvimento de outros aspectos da contabilidade.
Porém, além da instalação de muitas multinacionais no país, as empresas brasileiras seguem buscando mercados estrangeiros, abertura de capitais e, cada vez mais, possuem a necessidade de se adaptar às regras e normas de contabilidade. O resultado é um campo vasto e bastante fértil, com remuneração atraente e crescimento profissional para aqueles que querem trabalhar na área.
O que é auditoria contábil?
A auditoria contábil é uma técnica que permite, por meio da análise e conferência dos registros de uma empresa, atestar a fidedignidade das mutações no patrimônio das organizações. Permite avaliar se os registros representam a realidade da empresa. Além disso, possibilita conhecer eventuais falhas ou até mesmo identificar erros que possam estar contidos nas demonstrações auditadas.
A auditoria também é uma valiosa fonte de informações para aqueles que querem investir em empresas. Isso porque permite o aumento da transparência em relação aos dados que são divulgados por estas. Outra possibilidade de utilização da auditoria é no correto reconhecimento e avaliação dos componentes patrimoniais. Esse é um processo que pode ser utilizado no caso de aquisições, incorporações ou dissoluções de sociedades.
A auditoria, apesar de obrigatória para empresas de capital aberto e em algumas situações específicas, pode ser feita por uma organização de forma voluntária. Permite a melhoria de sua imagem junto ao mercado e também que seus próprios sócios conheçam e entendam, de forma detalhada, a adequação dos registros e das demonstrações contábeis, bem como a exatidão e aplicações dos controles internos na organização.
Assim, a procura por auditores, seja para fins legais ou para a busca da transparência tem sido cada vez maior no mercado de trabalho. Os profissionais preocupados com a aplicação de regras e normas contábeis e que buscam pela atualização constante, tão necessária e exigida nesta carreira, são cada vez mais valorizados.
Auditoria interna e externa
A auditoria pode ser dividida em duas frentes de atuação. São elas: interna e externa ou independente. A auditoria interna é aquela realizada por um funcionário da empresa e busca, principalmente, atender aos objetivos da administração desta. Já no caso da auditoria externa, o trabalho é realizado por uma firma de auditoria ou auditor independente.
A auditoria externa tem como principal objetivo atender a necessidade de pessoas interessadas na situação da empresa e que necessitam do máximo de transparência e fidedignidade das demonstrações contábeis, geralmente para investir seu capital nestas organizações.
Na auditoria interna a revisão das operações é feita buscando o aperfeiçoamento de controles internos e o cumprimento de políticas e normas que devem obrigatoriamente ser observadas pela empresa e por ela também desenvolvidas.
No caso da auditoria externa, a revisão das operações é feita para a determinação da fidedignidade das operações e se estas refletem, de forma correta e de acordo as normas vigentes, as mutações no patrimônio das entidades.
A divisão do trabalho também é diferente no que diz respeito à auditoria interna e externa. Na primeira, o trabalho pode ser dividido por áreas operacionais ou de acordo com as necessidades da administração. Já na auditoria externa esta divisão é feita em relação às contas, determinadas demonstrações ou ao conjunto das demonstrações obrigatórias.
Atuando como auditor interno o profissional deve se preocupar com a detecção de erros e fraudes e deve propor formas de evitá-los. Na auditoria externa essa preocupação não faz parte diretamente dos objetivos, mas deve ser relatada caso existam possibilidades desses eventos afetarem as demonstrações contábeis.
Como a auditoria é realizada?
Na primeira etapa é feito o reconhecimento de área, ou seja, o entendimento do ambiente da empresa e de suas operações. Na sequência, é feito o planejamento de auditoria, etapa em que serão escolhidas estratégias para obter evidências e aplicar testes nos controles contábeis.
Nessa etapa também serão verificados os controles internos e, com base neles, serão detectados os pontos fracos e riscos que o sistema pode ter. Dois tipos de testes serão aplicados: o de controle, para verificação do cumprimento de normas aplicáveis à empresa e o substantivo, que procura assegurar a exatidão dos valores e informações contidos em demonstrações contábeis.
Por fim, depois do serviço de auditoria propriamente dito, com a utilização de documentação e papéis de trabalho, será apresentado o relatório de auditoria, que é o produto final da verificação. Este mostrará se as demonstrações atendem a todas as exigências, se existem observações em relação a alguns aspectos ou a todas as demonstrações. Também poderá ocorrer a abstenção de opinião que é quando o auditor não possui matéria suficiente para o julgamento da fidedignidade das demonstrações apresentadas.
O auditor deve ter registro profissional?
Para atuar como auditor externo o profissional deverá ter graduação em Ciências Contábeis e estar inscrito e com registro ativo no Conselho Regional de Contabilidade (CRC). Aliás, esses são os únicos profissionais, de acordo com a legislação, que podem atuar como tal.
Adicionalmente, o profissional deverá ter exercido atividades de auditoria em território nacional por período maior que cinco anos, sejam eles consecutivos ou não, a partir do momento em que foi registrado como contador no CRC.
Outra obrigação é estar aprovado no Exame de Qualificação Técnica, que é regulamentado pela Norma Brasileira de Contabilidade NBC PA 13 (R2), destinada aos contadores que querem atuar como auditores independentes em empresas que são regulamentadas pela CVM, BCB e pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).
Também é exigido que o profissional esteja exercendo a atividade de auditoria independente, possua conhecimentos na área e outros requerimentos que podem mudar em função da atuação como pessoa física ou jurídica.
Após a formação, a profissão ainda exige conduta ética exemplar e constante atualização, de acordo com o programa de Educação Profissional Continuada (EPC) regulamentado pela NBC PG 12 de 2014. Aos profissionais que estão inscritos no Cadastro Nacional de Auditores Independentes (CNAI) é requerida a constante reciclagem profissional.
Escrevemos um artigo com dicas de cursos e especializações para profissionais da área.
Quais são as possibilidades de atuação?
As possibilidades de atuação do auditor são muitas, sendo as principais relacionadas às empresas que negociam em bolsa ou aquelas que querem negociar e precisam passar por procedimentos prévios de auditoria. Também poderão atuar na auditoria de instituições financeiras, planos de saúde e sociedades sem fins lucrativos.
A atuação do auditor também poderá ocorrer dentro de uma firma de auditoria, começando como estagiário ou trainee. Nessas firmas, de acordo com a experiência, evolução no plano de carreira e número de auditorias realizadas, o profissional poderá chegar a ser sócio e assim se tornar responsável por parte das operações da empresa. É possível, também, a atuação como profissional independente, ou seja, de forma autônoma.
Muitos auditores, após o período de trabalho em firmas de auditoria e respeitados os prazos mínimos previstos em lei, podem atuar como consultores e de forma independente nas empresas em que auditaram, por já possuírem notório conhecimento técnico e prático em relação ao ambiente e à empresa auditada.
Neste post você compreendeu a importância da auditoria contábil, seu desenvolvimento e como está dividida. Além disso, foi possível entender como é o processo de auditoria, qual o perfil desejado para esse profissional e o que ele precisa para atuar na área. Compreendeu que é uma profissão valorizada e em evolução constante, já que o mercado exige transparência das empresas.